quarta-feira, 27 de junho de 2007

saber da viola e da violência

Há um verso do cancioneiro nordestino que diz da necessidade de saber da viola e da violência, dentre tantas outras coisas que principiam e fundamentam o viver. Digo isso para fazer referência ao caso da mulher-doméstica-mãe, agredida por um grupo de jovens-estudantes-bandidos na cidade do Rio de Janeiro.
Vi a conversa sobre essa agressão na Globo. Sensacionalismo sobre tudo. relações com outros interesses da vida nacional, mas o interesse maior em questão era da Globo. Não quero falar da globo aqui-agora. Quero daquilo que viola a vítima e da violência que toca o violento após o crime. Digo crime, porque parece que tudo já está julgado e acertado, tendo por referência uma moral que paíra sobre a realidade e faz manchetes para serem saboreadas nas conversas cotidianas.
Logo o mundo cristaliza a mulher e os rapazes. Logo a pena da vítima se estabelece, assim como a virtual penalidade para os agressores. A situação ganha em sentimentos e esses turvam a percepção. Essa cena é comum. Não deveria ser manchete. Deveria por ofício ser estatística.
Quem se beneficia com essa discussão, do modo como está sendo feita? Não é a mulher agredida. Ela não vai ser convidade para posar em revistas masculinas e ganhar o seu milhão se transformando num ser sorridente. Volta daqui a alguns dias para o seu vasto ou diminuto mundinho, de onde quem sabe, possa ser resgatada numa próxima peleja entre "o diabo e o dono do céu".
Abraço!

terça-feira, 26 de junho de 2007

animação

um brinquedo de montar
peça e encaixe
mas nada colava

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Falar e desaparecer no outro

Capengam a filosofia e a amizade no contemporâneo. Tudo parece imbuído de um valor que se destina a um uso ou a uma troca. Estranho como nos entregamos facilmente a essas artimanhas. Lutamos por elas. Sobrevivemos nelas.
Nem sempre foi assim. Não precisa ser assim sempre. Em muitas situações da vida, a dimensão competitiva pode ser subtraída. Uma fala, um gesto, um carinho podem apenas desaparecer suavemente naquele a quem se destinam, sem que a necessidade de um troco ou correspondência instale um processo de carência. Uma maneira de resistir à cobrança a quem quero bem precisa aparecer nas relações entre as pessoas. Nem tudo que vai, precisa voltar. Afetos passageiros não demandam terapêuticas. Vão-se apenas. Outros aparecem. Conversar, falar com alguém é fundamental. Desaparecer no outro é vital.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Sonhos de uma noite de são joão

coisas distorcidas e sem tempo
na cabeça de vento; o vento
sempre contra e desatento

sábado, 16 de junho de 2007

preços na polis

se der o que não tem
para si e para outro
o troco nunca vem

sexta-feira, 15 de junho de 2007

in justa mente

decide por mim
aquele que não me sabe
sabe dele e não me cabe

Comentário de kleber — 15/06/2007 @ 6:07 am

publicado hoje nos comentários do sítio do Xico. Achei bonitim e botei aqui também.

Xico e seus comentadores

Vida que anda anacrônica e na fila de espera, desconhece uma ponte aérea que não envelhece e voa para a imensidão do pensamento e sentimentos inusitados. Trata-se do blog do Xico Sá, sua escrita e seus comentadores. Conversar por lá é uma ótima pedida. Motivos? Dois: atualidade e liberdade. Lá a palavra ganha a força necessária do dizer, que é a densidade mínima para alguma escuta. Ando lá e tenho escrito por lá, muito mais que aqui.
Aprendo um bocado de coisas lendo Xico e seus comentadores. História de mil e tantas noites em uma odisséia no ciberespaço.

Clica aí: < http://ponteaereasp.nominimo.com.br/ >

quinta-feira, 14 de junho de 2007

sensações de uma greve

Servidores públicos do br.gov encaminham greves em vários setores dos serviços públicos. Parece febril o movimento. Sou servidor público. A categoria a qual pertenço ainda não decidiu pela greve, mas tenho a sensação que já decidiram por ela. Sou professor da Universidade Federal de Sergipe e lá, primeiro os servidores e agora os alunos deflagraram o grito de greve. O primeiro não me fez muito eco. Já o segundo não consigo entender.
Segmentos dos movimentos institucionalizados da ultra-esquerda nacional parecem continuar a desconsiderar aquilo que diz, mas é silêncio. Num conjunto de 10 mil pessoas, se 1000 participam de uma decisão, ela é legítima, pois os demais foram convidados, mas não apareceram. Mas o que pode essa decisão? De imediato afastar do embate a maioria dos potenciais interessados. A vida da política que busca resistir à sanha liberal contenta-se em ser vanguarda, mesmo que em vão.
Isso é triste. Uma decisão triste. Uma decisão sem virtudes. Uma decisão por palavras de ordem que não se sabe ao certo a razão de repeti-las ou mesmo de qual ordem elas falam. A repetição da fórmula ensaia novamente o drama do último suspiro revolucionário. A diferença é sepultada, pois o diferente é excluído ao longo do processo. Mas isso que digo não passa de sensações que me atormentam. Tenho também meus interesses nesse processo. Não queria ficar em casa. Queria ir lá, dá as aulas que me demandam, falar coisas que me incomodam, ver gente circulando, indagar sobre o indisposto, falar de vultos que assombram a memória da psicologia. Não queria ficar em casa, mas isso já é uma outra história. Há outros lugares para ir. Aqui em Aracaju rola uma linda festa junina. Comidas apetitosas. Clima ameno. Forró de muitas caras e gostos. Não vou ficar em casa. Irei menos à UFS. Quem irá a UFS?

terça-feira, 12 de junho de 2007

Para minha Rosana

amor que não tem data e dura
amor cheio de gostos e cura
amor tecido, amor costura

segunda-feira, 11 de junho de 2007

pessoalidade

aquilo que sinto e minto
faz-me parecer distinto
desse desaparecer extinto

sobre escritos

que fique bem dito, o dito
e se não ficar
que fique o dito esquisito

domingo, 10 de junho de 2007

“Romântico é uma espécie em extinção”

O cara canta estranho. Nasaliza no limite. Percebo assim, mas não sei se isso tem limite. Estética é um mundo sem dono. Deveria ser. Mas é bonito seu canto e a sua música. O vi pela primeira vez num programa do Moska no Canal Brasil. Lindo os dois cantando, trocando sensibilidades. Depois sumiu de mim esse tal de Vander Lee. Agora peguei no rádio alguém cantando sua música. Toca na pele a música dessa cara. Vander Lee. Quem não ouviu que procure. Se não achar, procure mais. Qualquer coisa, ligue para polícia e diga que a sua possibilidade de percepção foi seqüestrada por um quaxé-qualquer. Abraço!

sábado, 9 de junho de 2007

caminhos

meio dia e a meia molhada
sapato que me encaminha
de mim; sabe nada

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Quando o Santo desconfia

Era meu amigo, o Santo. Pelo menos nos tratávamos assim. Foi que um dia, uma cara que fiz, estranhou seus pensamentos. Não era um dia bom pra ele. Acordou antes da hora e sonhou com o que não queria. Cismou então o Santo que precisava entender aquela minha feição. Nela estaria sua resposta para o dia ruim. Nada me perguntou, entretanto. Preferiu o indício. Investigou em nossa memória conjunta os pontos de afastamento. Ali encontrou respostas. Aliviou-se. Bastava me comunicar.
Nos dias seguintes, me respondia entre o desleixo e insolência: “Olha hoje não posso”. No outro dia: “Sabe, tá complicado agora”. No terceiro dia não lhe remeti convite. Não lembro da cara que fiz, mas sei que foi ela a grande esmola para o definitivo sumiço do amigo Santo. Fim de festa.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Anda pobre de linhas o Vasto Mundinho. Carece de histórias. Sobrevive de pequenos versos de conexão limitada. São comuns crises assim nos mundinhos. Eles funcionam em regime de órbita centrada em si. Se o si cisma consigo, o mundinho entra em flagelo. Perde algumas das poucas possibilidades de sentido. Sequer consegue dizer das malandragens do irmão do Lula, O Vavá, que tem nas costas indícios de tentativas de tirar uns trocados de gente que vive de jogatina ilegal. Tem também a ocupação dos estudantes da USP dando cria em outras instituições de ensino. Assunto bom, mas que foge dos dedos nessa quinta de feriado.
Hoje é dia de mundinho no vago. Um domingo no meio da semana. Para quem gosta, melhor passar o dia dormindo. Não falta de letras... boa noite!

quarta-feira, 6 de junho de 2007

desEUnificação

Era tudo como antes
E eu nem sabia
Ninguém sabia

terça-feira, 5 de junho de 2007

A ocupação de cada dia

Já não há mais gravidade em greves. É uma sensação estranha que tenho, mas é preciso confrontá-la. Faço isso aqui. Para onde foi o medo que uma greve deveria despertar? Não sei. Penso que desapareceu pra dentro de si mesmo. Perdeu seu encanto e com ele a sua força. Mesmo greves em setores que envolvem imediato transtorno à vida das pessoas, já são encaradas com naturalidade. Greve nos transportes públicos, por exemplo, geram problemas para uma cidade de vários modos, mas soam nesses momentos, saídas que a cidade encontra para funcionar de algum modo. Com mais sacrifício, mas sem a paralisação completa.
Não se trata de uma orquestração do capitalismo vil. Trata-se, penso, de um jeito que as pessoas encontram para buscar sua sobrevivência e continuar na sua luta. A luta continua circadianamente. Isso é real!
Assim sendo, já passa da hora de se buscar alternativas à greve como forma limite de administrar uma luta de classe ou de categoria. Os estudantes da USP, com mais de mês de ocupação da reitoria, parecem ter encontrado um veículo extraordinário para fazer aparecer uma voz e suas vontades.
Estão construindo a pauta da sua luta a cada dia. Isso é lindo e vivo. Primeiro protestaram contra o golpe do governador Serra que feria a autonomia universitária. Muitas negociações, mandados de reintegração de posse não cumpridos e Serra volta atrás, passados 28 dias. Era tarde. Perdeu o fio do acontecimento, o governador. A moçada da ocupação soltava pipa com esse fio, fazia bailar na sua imaginação a força que possuíam. Agora querem mais. Precisam querer mais. Descobriram que é fácil querer mais. Como parar?
Não estão em greve. Apenas ocupam aquilo que lhes cabe. Ocupam a cena do viver. Que viva mais essa ocupação e contamine muito mais gente. Afinal se dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço, como sugere a Física, ocupe aquele que lhe cabe. Ocupar é necessário, por que viver é necessário!

Para acompanhar de perto essa ocupação, ligue-se no link
< http://ocupacaousp.noblogs.org/post/2007/06/04/domingo-03-06 >

domingo, 3 de junho de 2007

domingo

acordo na tv
onde faz sol
de volta ao sonho

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Donde um artista

Arte real, venal, semiológica
Arte animal, arterial, fisiológica
Arte fato humano; a mercadoria