sexta-feira, 24 de julho de 2009

um devir-lata

a casa da memória
quando arrumadinha
faz da vida o sonho
da sardinha

quarta-feira, 22 de julho de 2009

kafikando

esperança vermelha
e o mundo dos insetos
fica apavorado

sexta-feira, 17 de julho de 2009

almejo um dia fazer
obras completas
de reticências

a vida na calçada

aquilo que contorno
faz-se contorno
a casca não sabe da gema
a Clara não acha que é ovo
o ovo não é nada
um nome
na cabeça do povo

quarta-feira, 15 de julho de 2009

não seja,
quando não mais for
em nome de quem seja,
não seja o ponto do ônibus
a vaga para lembrança
a espera sem som
que nada alcança
não seja quando não couber
nem todo aperto de mão
é mão
nem todo sapato
é feito para um pé
por isso não seja
mas caso queira ser; seja
aí tudo pode ser,
contanto que não seja
aquilo que pensou ter sido
pois toda torrada é distinta
do pão amanhecido

domingo, 12 de julho de 2009

10 linhas para um amigo

não guardo amigos
pois eles sempre aparecem
um dia após o aniversário
um dia antes do combinado
esse estranho bicho, o amigo
prefere a força do vento
a dos relógios
isso lhe faz amigo
e violento no amor
as superfícies

sábado, 11 de julho de 2009

família

invento com aroma de amor
gosto por negócios
ora espinho, ora flor

terça-feira, 7 de julho de 2009

uma pequena confusão sonhava ser grande. queria aparecer em manchetes e se netatualizar. fez o que fez, que passando ao largo do sensato, fez-se saída pra quem morava no buraco.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

comprei um pequeno cão. ele não sabia latir. mordia com seus dentes pequenos o que encontrava. atacava meus pés e fazias cócegas. aprendeu a latir e não desistiu de morder. os dentes cresceram com o cão. agora seu latido assusta. não temo sua boca e já não há como rir das suas mordidas. dizem que é da natureza. penso, as vezes, que ele poderia ter aprendido a latir antes de morder. faria diferença?