segunda-feira, 31 de maio de 2010

aquilo que por sentimento
faz do ser sentimental
é antes de já ter sido
telos sobre um pedestal

sábado, 29 de maio de 2010

zumbidos

uma cigarra
com um cigarro na boca
é namoro

psicoterapia

um solitário verbo
posto em tratamento
lamenta a pessoalidade
do seu argumento

quarta-feira, 26 de maio de 2010

quando fiz 73 anos
lembrei dos 13
tenho sorte

tec-lados

embaralho as letras
fghrz, nxos and rdt
o enigma é não saber

terça-feira, 25 de maio de 2010

sobre o melhor amigo do cão

aposto que os postes caminham
pelas ruas de madrugada
eu caminho e a luz? que nada

segunda-feira, 24 de maio de 2010

para o seu ouvido

há uma fala que chama
a amiga escuta
fala que não cansa
e perscruta,
as vezes fala mansa
que fabula sozinha
mas fala que encanta
e que de tanto, faz música
a fala canta
falas soltas no mundo
por baixo
por cima da terra
a fala é a superfície
onde o nada
se encerra

sábado, 22 de maio de 2010

quis ser do pretérito
o futuro no presente
compro bilhete de loteria
volto pra casa de coletivo
ninguém se escuta
mas se roça e pouco se sente
quem vai sentado
agita-se segundos antes do ponto
esse tempo entre atrasos e avanços
vencido o desodorante
vejo ao loge
uma música para embalar o sono
a vida me engana
e eu acredito
o dedinho do pé direito
proclama a república dos calos
que gritam em silêncio
da manga se faz angústia
mangustia se quer beber
a cada gole, uma dor de 'q'

terça-feira, 18 de maio de 2010

repito, não tem graça
viver entre quarto e sala
achando estar na praça

terça-feira, 11 de maio de 2010

os novíssimos brancos sem cor

quão difícil é a missão escravocrata
de comer o pão
que um pobre diabo amassou

quase soneto para os anjos do presente

algo que me espanta
ante a bactéria adormecida
espasmos da nervura retorcida
em gotas espessas do amor

fosse pra dizer de uma cor
fosse pra plantar em um quintal
diria doutro modo desse mal
que no ranger de ossos quer ternura

não meça o princípio
como outrora

não encha um barril
com pouca glória

não cante a bravura
com alento

dorme humano
no seu passatempo

domingo, 9 de maio de 2010

jameson ou a arte de não ser sozinho

com seis cordas
um violão
amarra os dedos
ao coração

segunda-feira, 3 de maio de 2010

humano com seus ismos

há um convite a sua espera
ele está perdido como você
no meio e na beira da estrada
sem prazo de validade
mas pode encontrar outra pessoa
e sendo pessoal, na boa,
saia de casa
e assim, sabendo que tem casa
ganhe velocidade, como com asas
vá, pois você pode voltar