quarta-feira, 29 de setembro de 2010

o medo ilhado

a necessidade de dizer
a imprecisão da fala
coatuam e a voz cala

terça-feira, 28 de setembro de 2010

no ar, alguma gelatina
cores nos sabores
meiões na menina
um estranho sentimento
escorrega pela pele
já no chão, perde-se

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

um segredo capital

divida ao meio uma parte
de qualquer coisa
e assim por diante
cada metade
um dia, calos nos dedos
diante da mínima metade
divida seu tempo
com aquilo que lhe cabe,
a natureza de todo quociente
o pó

sábado, 25 de setembro de 2010

olha, não dá pra dizer que falei ou deixei de falar. isso não se usa. a gente apenas fala e deixa que o som se perca no ar. torce também para que ele encontre algum ouvido distinto. ação e vibração; ação e vibração. daí meu celular tocou. vibrei com ele. seu som estranho sobre a mesa, como a fazer uma breve percussão. não se repetiu. corri e era uma mensagem de texto. número desconhecido da agenda. comenadei com o polegar a busca pelo texto e lá percebi que nem toda ação aciona uma vibração que valha a pena. cai na lista do conto do carro zero, por quase nada. estranho!

berg-içando

o vento é a densidade
pausa-plausibilidade
deixar pousar o chão

"dou-lhe duas"

fazer uma escrita
e mexer com os dedos
a pele espessa
nela fazer ferida
dela querer curativos
cicatrizes
depois, tatuado
é esquecer a precisão da marca
para lembrar
da dor
do ser
pontuado

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

fiz um poema-homenagem
ela passou e não viu
fez cara de paisagem

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

cores

a calçada amarela
a rua lhe chama
e ela? Na dela

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

uma semana

o gosto de um café
acorda por dias
o sabor que se quer

terça-feira, 21 de setembro de 2010

ainda mais pra dentro

numa pequena caixa de madeira
bate por dentro uma frase
como saio, como saio

por fora do mundo
sem dele saber
o que dizer, caso saia

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

um leve recado
quase todo aqui
tem um ali do lado

sábado, 18 de setembro de 2010

ganhei um pedaço de papel
nele fiz um carta, dele um avião
o vento deu a direção

terça-feira, 7 de setembro de 2010

vivia num antro
por isso escrevia
sua antropofagia