domingo, 11 de dezembro de 2011

transborda o verde mar


a tua vista tem seu preço

mergulho e afogo-me

onde me encontro

e me desconheço

delírios do eu

a meta e a forma
um inseto espreita
o presente

as vezes rápido,
noutras muito
lentamente

a meta conforma
o clamor do ser
deskafkianamente

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

vejo a lua
você nua
meu teu são
teu meu
tão céu
tão chão.
vida crua
língua minha
que fraseia tua pele;
minha rua

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

quando minha ignorância perde as palavras ou o canto mudo para o mundo

lamento não é piedade
lamento é um canto
lugar que inventa outro mundo
seca com sonoridade
brota o verde pensamento
no ar que o outro respira
e ouve, e jamais será só
por isso, apenas,
lamento é coisa da alma grande
em verve pequena
o embalo para uma trilha
o balanço para um cochilo
lamento é assim
um dar passagem.
no mundo sem porteira
a vida-viagem

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Olhos-verbos


trazia guardado no bolso um poema
lhe vi e tremi, perdi a pose
fiquei meio trema
quase-sumido, consumido
pelos verdes verbos dos teus olhos

o poema mudou em mim
outros brilhos, outras cenas
agudo acento, agora chama
letras do outro que se inventa
na tua boca, na tua cama