quarta-feira, 21 de outubro de 2009

um ponto, dois pontos,
uma vírgula, um ponto-e-vírgula

todo entendimento tem pausa
toda pausa quer ponto
quem não respira
fica tonto

por isso; pontos

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

a dificuldade de dar tamanho aos sentimentos é uma sem teto. ela não reside, mas as vezes dá a impressão de permanência. daí articula sons em signos e ganha palavras próprias. lhe chamam de muitas coisas. dessas, a mais cruel atende pelo nome de amor.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

a doce vida

era um dia doce
manhã de sol
de praça, de praia
e açucarados rostos
cumprimentavam a brisa
calor humano,
dentes muito brancos
na vitrine
o sol com ciúmes
foi subindo a sua temperatura
deu meio dia
doces derrentendo
se guardando em casa
brisa, cadê a brisa?
brisa que nada
o doce da praça, da praia
foi pro quarto refrigerado
para sonhar caramelo

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

uma palavra não se faz
palavra não tem vontade
palavra é uma coisa
possuída
há quem diz,
há quem escreve,
há quem escuta,
há quem lê
palavra é menos que feijão
mas pode ser mais

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

para uma letra insolente

uma letra pode ser só uma letra
pode ser um poema para música
pode ser uma vontade de outra letra
assim letra é a força para o encontro
é algo meio tonto, embriagado
que enxerga sempre o caminho cruzado
daí pode seguir ou dobrar

toda reta só pode ser reta
e assim perde o chão
por se querer fora do tempo
a terra é redonda
e a letra faz curva