um incerto plural
conjuga a vida
em tempo singular

vou daqui prali
sem saber de lá

uma decisão que se toma
é em parte mão
noutra parte é pé
mas há uma parte
que está sem face
aquilo que faz que eu ande
que eu abrace
faz que chegue e que parta
acenando com a vida

uma decisão é aquilo que foi
quando bem se queria

no jogo do certo e errado, algo fica de lado

uma ré salva
o juízo dito
um crime
foi prescrito

quando o vento me levou

duma cena de cinema
já em casa
fiz um poema

imagens dumim

garimpo palavras
pra dizer qualquer coisa
sou giz, sou mão, sou lousa

quem lê-minski
pergunta o que sabe
pra não ouvir
resposta
poesia é uma aposta

hoje, hoje mesmo,
falei de mim pra mim
não me entendi
lhe vi e em mim
surgiu um meio
de encontrar seu mim
outro mim pra conversar
outro mim-mar
gritei pro seu mim
não sei se ouviu
se ouviu,
não sei se entendeu
se não, não se assuste
não mim-too, não mim-you
cada mim-mundo
um espaço de zelo

do meu mim pro seu mim
há uma distância mínima
e eterna
percorrê-la
dura o tempo que não se deve perder
com um caçador de mim

ezequiel se foi
e nos deixou a loteria
do amor tranquilo
numa vida exagerada
ei cazuza

o óbvio na vitrine

versos se repetem
anúncios de um presságio
amor, só com ágio

um graveto encolhido e sobre o chão
diz que a brisa no alto da árvore
canta o que a raiz não ousa escutar

o rabisco é um quase
e de quase em quase
algum risco faz arte