sexta-feira, 11 de maio de 2007

sobre um mundinho

tropeça na calçada e descalça a menina vai ao chão. não precisa passagem. o chão lhe recebe com a cortesia de sempre. duro, as vezes frio, as vezes morno. o chão nunca é quente. é como se a natureza não quisesse repouso sobre sim. entretanto a gente insiste numa vontade absurda em ficar ali, paralisado pela queda. assim os mundinhos se alicerçam. a tentativa de ser natural como a grama ou o asfalto. o asfalto é natural. como são naturais o plástico e o zinco. tudo bem, um natural desnaturalizado, mas natural. natural por essência, creio. o asfalto não consegue ser outra coisa. natural, claro! pois bem, dado o mundinho, mesmo afetivamente preguiçoso, dar-se a vastidão de uma imaginação recorrente. quase triste. já não é mais menina. agora adolescente, logo moça, mulher-homem, idades e o mundinho vasto. a menina levantou sozinha daquele chão. alguém lhe estendeu a mão, mas não reconheceu a pessoa. algo dela parece ter querido ficar ali para sempre, onde jamais vai se reconhecer de novo.

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