terça-feira, 27 de abril de 2010

a pequena história de um pequeno acontecimento ou a vida é de papel

me pediram para escrever correto. escrevi: correto! não acreditaram na minha escrita e ela sequer me pertencia. ela era de alguma coisa que eu usava e que também, de mim, tirava suas lasquinhas. retalhava meu corpo e o fazia outro a cada avanço da minha mão com caneta sobre a folha posta na mesa. a folha na mesa, branca ou pautada, era um ser em busca de aliança. como se dissesse; estou aqui pra isso, que jamais vou saber do que se trata, mas não tem importância. ela estava ali pra isso e cumpria bem as possibilidades de seu destino que se resignava em apenas deixar de ser folha em branco. bom, conversa que vai e vem, entre a gramática e a folha em branco, resolvi provar a experiência de outras linguagens, ainda não vivas, a me desfazer naquela folha que jamais sonhou em ser uma página bem escrita.

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