sábado, 10 de março de 2012


Nunca tive dor nos ossos.
A dor vai na carne
e rasga, e grita,
circula no sangue
e chega n'alma.
Dor nos ossos, nunca tive.
Isso agora estranho.
Como não doer aquilo
que está em mim,
tem forma, cor, peso e tamanho?
Três vezes quebrei o braço
em duas partiu-se ao meio
o cúbito e o rádio,
mas não tive dor nos ossos.
Vez em quando,
dói a alma, essa coisa dessemelhante.
Mas nos ossos que são meus, não.
Dor nos ossos, percebi
é quando a gente
querendo somente,
faz o que não precisa
e precisamente
quer doer no outro
o que arde em si.
Vai ver já tive
e de propósito esqueço,
por não querer
saber mais.
Ave os ossos!
Os meus, os vossos

Um comentário:

Wedmo Mangueira disse...

Que belo poema, hein, Kléber? Gostei demais! Abração.